segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010
Convém que o sonho tenha margens de nuvens rápidas
e os pássaros não se expliquem, e os velhos andem pelo sol,
e os amantes chorem, beijando-se, por algum infanticídio.
Convém tudo isso, e muito mais, e muito mais ...
E por esse motivo aqui vou, como os papéis abertos
que caem das janelas dos sobrados, tontamente ...
Depois das ruas, dos trens e, dos navios e,
encontrei casualmente a sala que afinal buscava,
e o meu retrato, na parede, olhará para os olhos que levo.
E encolherei meu corpo nalguma cama dura e fria.
(Os grilos da infância Estarão cantando dentro da erva ...)
E eu pensarei: "Que bom! Nem é preciso respirar !..."
Conveniência - Cecilia Meireles
1 Comment:
Que frase perfeita: "Convém que o sonho tenha margens de nuvens rápidas"..são palavras tão sensíveis, como o respirar!
Beijos Felipe!
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