Voz que se cala

terça-feira, 18 de novembro de 2008


Amo as pedras, os astros e o luar
Que beija as ervas do atalho escuro,
Amo as águas de anil e o doce olhar
Dos animais, divinamente puro.
Amo a hera que entende a voz do muro,
E dos sapos, o brando tilintar
De cristais que se afagam devagar,
E da minha charneca o rosto duro.
Amo todos os sonhos que se calam
De corações que sentem e não falam,
Tudo o que é Infinito e pequenino!
Asa que nos protege a todos nós!
Soluço imenso, eterno, que é a voz
Do nosso grande e mísero Destino!

Florbela Espanca

1 Comment:

Aryane Collin said...

Fê, poxa faz tempo que ando sumida do teu canto, que por sinal está lindo como sempre, belo poema da Florbela!
saudades bjus